Smartphone no Bolso: Mitos e Verdades sobre seus Efeitos na Saúde Masculina

Do despertar ao adormecer, os celulares são companheiros constantes para a maioria das pessoas em suas rotinas diárias. A presença onipresente desses dispositivos levanta preocupações sobre os possíveis riscos associados às radiações que emitem.

Especial atenção é dada aos celulares, questionando-se o impacto da radiofrequência – a radiação usada para comunicação – na fertilidade masculina, especialmente quando o dispositivo é carregado no bolso da frente das calças.

A radiofrequência tem impacto na fertilidade do homem?

Embora debatido, este tópico tem motivado diversos estudos nas últimas décadas. O que a ciência tem a dizer sobre isso? É realmente perigoso para os homens manterem os celulares no bolso da frente?

Segundo Mário Pereira-Lourenço, urologista credenciado pela Sociedade Europeia de Medicina Sexual, não há evidência científica robusta que afirme com segurança que manter o telemóvel no bolso da frente das calças tenha efeitos negativos na qualidade dos espermatozoides. Apesar de uma probabilidade teórica, a literatura científica é contraditória, com alguns estudos apontando para uma degradação da qualidade dos espermatozoides e outros não encontrando impacto.

João Pereira, urologista na unidade local de saúde, também enfatiza a controvérsia do tema, mencionando que não há certeza sobre o impacto da radiofrequência de baixa intensidade dos celulares na fertilidade masculina, embora haja suspeitas nesse sentido.

O calor produzido pelos celulares prejudica os espermatozoides?

A preocupação teórica está relacionada ao possível aumento de temperatura nos órgãos genitais devido à radiação emitida pelo celular. Essa elevação teórica de temperatura poderia afetar o sémen e até mesmo alterar o DNA dos espermatozoides.

Entretanto, não está comprovado que o uso regular de smartphones cause um aquecimento substancial, nem que a distância entre o dispositivo e os órgãos genitais seja suficiente para influenciar a temperatura testicular.

Além da temperatura, estudos indicam que a exposição à radiação dos smartphones pode levar à fragmentação do DNA dos espermatozoides, embora os resultados em humanos sejam conflitantes.

Embora haja uma baixa associação entre o uso de smartphones no bolso da frente e a fecundabilidade, ainda não está claro se a radiação emitida pelos smartphones tem um impacto direto na fertilidade masculina, devido à falta de estudos de qualidade sobre o assunto.

O uso do smartphone aumenta o risco de câncer nos testículos?

No que diz respeito ao risco de câncer testicular devido à radiação dos smartphones , as conclusões são mais tranquilizadoras. Não há evidências científicas que associem o uso do smartphone no bolso da frente ao aumento desse risco.

Organizações internacionais como o Centro de Pesquisa do Câncer do Reino Unido e a FDA dos EUA afirmam que a radiação dos smartphones não é suficiente para causar danos ao DNA e, portanto, não está associada ao câncer.

Conclusão

Apesar das preocupações levantadas, a evidência científica atual não sustenta uma relação direta entre o uso de smartphones e problemas de saúde reprodutiva ou câncer testicular.